Mesmo com adesão menor às edições anteriores do torneio, as ruas da Vila Brasilândia, aos poucos, vêm ganhando cores
Todo ano de Copa é a mesma coisa: pessoas se reúnem para deixar as ruas com as cores da seleção, com a imagem da mascote da competição, o rosto de algum jogador, enfim, mostrar em forma de arte o apoio a seleção brasileira, ou até mesmo, o apoio a alguma outra equipe participante de um dos maiores eventos esportivos do planeta.
Em 2018, a impressão é que o sentimento pelo Mundial é menos intenso que nas edições anteriores. Uma pesquisa do Datafolha aponta que 53% dos brasileiros não têm interesse pelo torneio.
Nas comunidades que fazem parte do complexo da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, a impressão é que, de fato, há um número menor de ruas enfeitadas se compararmos às Copas anteriores, mas, ainda assim, existem muitos pontos caracterizados em apoio à seleção. Talvez a grana curta, devido às recentes crises econômicas, tenha desmotivado muitos torcedores da seleção em fazer arte nas ruas. Por outro lado, há quem leve e muito a sério esse trabalho.
Bandeiras de poste em poste, fitinhas, meio fio coloridos em verde e amarelo fazem parte de algumas ruas do bairro. Próximo a nós, quatro anos atrás, um garoto pintava o meio fio, hoje veste a camisa 9 da única seleção campeã cinco vezes do torneio. Gabriel Jesus teve até um conjunto de casas pintadas em homenagem a ele no Jardim Peri.
Fato é que há tempos não víamos uma seleção que inspira confiança e ao menos nas redes sociais o movimento de fotos de ruas enfeitadas é bem alto. O Hexa não se tornou realidade, mas que às ruas da quebrada sempre serão enfeitadas em apoio a nossa seleção, isso é realidade pura.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!