Para o artista, jovem de quebrada tem capacidade para fazer arte da forma que quiser
A colagem é um procedimento técnico artístico, onde se utiliza várias matérias que podem na maioria das vezes variar a textura, inserindo uma imagem sobre a outra, ou lado a lado até formar uma nova imagem.
Atualmente a colagem digital tem ganhado muita força no meio artístico, e alguns artistas acabam misturando técnicas, sobrepõem diversas camadas de imagens e as vezes até aplicam-se efeitos gráficos.
Caique Araujo (24), criado no Capão Redondo em São Paulo, adotou as técnicas de colagem digital como alternativa de lidar com estados de ansiedade e ocupação em meio a pandemia, adquirindo resultados surpreendentes.
Também conhecido como DJ Acid/Dc, Caique produz músicas eletrônicas e a partir da necessidade em criar uma identidade visual para as suas produções acabou se interessando pela colagem digital, e por ser totalmente independente em suas produções, também desejava ser dono de todas as artes relacionadas às suas músicas, incluindo seu logotipo, conta: “Tive contato com um designer gráfico, residente de outro estado, que me ajudou bastante na criação do meu logo, ficou exatamente do jeito que eu queria. Mas, ainda assim não queria ficar dependente dele e ter que contatá-lo toda vez que precisasse de alguma arte. Foi um momento bem delicado, me sentia bem ansioso por diversos fatores, incluindo a pandemia, precisava ocupar a minha mente e foi aí que resolvi me inscrever em um curso de criação.”.
Ao desenvolver suas habilidades na colagem digital, o DJ teve a sensação de pôr a mão na massa e se sentiu muito mais interessado em seguir com a técnica, de fazer ele mesmo tudo aquilo que vem na cabeça e do jeito que quiser.
“Tem sido maravilhoso! Nunca imaginei que eu fosse fazer uma colagem no nível que faço hoje e é bem satisfatório fazer uma colagem legal, postar na internet e ver que o pessoal também está gostando. É meio que uma sensação de “dever cumprido”, bacana pra caramba.”, completa: “E tipo, eu vou montando ali e no final falo “Caraca velho, fui eu que fiz isso? Não acredito!”. Não tenho tanto conhecimento e experiência na área e conseguir fazer algo desse nível é incrível.”.
Foto: Caique Araujo
Caique tem como principais referências os irmãos “Os Gêmeos” (grafiteiros e DJs) e grafiteiros da quebrada onde reside, e por isso, carrega o lema de que gente da quebrada também tem a total capacidade de criar arte, conta: “Aqui no morro a gente também tem a cultura e sabemos fazer arte. Seja na música, na colagem digital, pintura ou graffiti. A favela também tem o espaço na arte.”.
Para o Caique, a cultura representa adquirir conhecimentos através do consumo de diversos tipos de arte, sendo em livros, filmes, músicas, revistas, documentários e etc., e espera passar para o público a importância de cada um acreditar em si mesmo.
“Eu quero que cada uma das pessoas acreditem em seu potencial, pois todos têm a capacidade para fazer tudo, basta pôr a sua criatividade para fora. Estudar, ter dedicação e força de vontade independente de qualquer coisa. Gostar do que faz e fazer com amor, não só por dinheiro, pois é isso é válido para todas as áreas da vida.”.
Conheça melhor os diversos trabalhos do artista através das suas redes sociais: Instagram: @aciddc Spotify: Acid/Dc
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!