Postado por Millena Gama
27/11/2020

“Cai, cai, educação”

Pandemia evidencia a defasagem presente na rede pública

A pandemia do novo coronavírus modificou o formato de ensino em uma escala mundial. Professores e alunos se viram diante de um cenário atípico, no qual precisaram se adaptar. Por um lado, a metodologia empregada pelos educadores sofreu modificações para que os mesmos conseguissem transmitir os conteúdos à distância aos estudantes já habituados com o ensino presencial. E do outro, os alunos passaram a adotar uma rotina diferenciada para acompanhar o ritmo acelerado do aprendizado auxiliado por meio das novas tecnologias.

Cristiane de Andrade Albuquerque, 38, reside na Brasilândia, zona norte de São Paulo. Em um levantamento realizado pela Prefeitura de São Paulo entre o período de março até o início de agosto, o bairro se destaca como o segundo com maior número de mortes, perdendo apenas para a região da Sapopemba, localizada na zona leste. Cristiane ocupa a função como assistente administrativo e tem dois filhos: Eloah, 3, e o Pietro Albuquerque da Cunha, 11. Ele estuda em uma escola pública, está no 6° ano do ensino fundamental e se encontra desorientado em meio a tantas mudanças. “É como se um caminhão estivesse atrás dele a bordo de uma bicicleta. Ele se sente perdido, sem muita orientação do começo, meio e fim das matérias, pois ainda não se habituou com a rotina da segunda fase do ensino fundamental, diferentes professores, trabalhos e prazos. É muita informação pra assimilar e adaptar”, descreve a mãe de Pietro.

Foto: Cristiane de Andrade e o filho Pietro

Francisca Silva, 34, também atua no cargo de assistente administrativo e destaca que a falta de tempo se apresenta como a maior dificuldade neste período, visto que ela e o marido trabalham fora de casa. O filho Miguel, 3, está na creche e a filha Maria Fernanda, 10, estuda no 5° ano do ensino fundamental em uma escola pública em Osasco, na região metropolitana, e sofre com a falta de estímulo para se dedicar aos estudos e compreender as matérias em sua totalidade. Com o objetivo principal de melhorar o rendimento escolar da filha, Francisca procura dedicar ao menos 1 hora por dia para ajudar a criança.
No momento, as crianças convivem com uma série de obstáculos dos quais precisam lutar diariamente para ultrapassar. Além da indisponibilidade integral dos pais que precisam sair para garantir o sustento da família, estas crianças ainda experimentam a ociosidade. O que outrora era descarregado em atividades escolares e físicas de modo presencial e na companhia dos colegas da mesma faixa etária, agora perde o lugar para a televisão, celular e demais aparelhos eletrônicos disponíveis em casa que roubam a atenção dessas crianças.
Assim como muitas mães, elas não se sentem seguras para o caso dos filhos precisarem retornar ao ensino presencial na pandemia. “Devido o distanciamento dos alunos das salas de aulas, o impacto será no momento de retomada, pois muitos alunos estão acostumados a ficar em casa assistindo televisão e o compromisso com o aprendizado vai ficando de lado”, enfatiza Francisca, mãe de Maria Fernanda.

Foto: Francisca Silva e a filha Maria
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