Jotac mostra como é a vida de um artista na favela da Vila Prudente
Nascido e criado na Favela da Vila Prudente, o ilustrador, grafiteiro e designer Julio Cesar, mais conhecido como JOTAC, hoje tem 21 anos. Filho de mãe cearense e pai paulista, o artista tem fortes referências nordestinas em sua família por parte de seus avós. Para ele, é importante deixar em evidência sua origem, pois tem influência direta em sua vida.
No dia a dia, JOTAC trabalha com atendimento em uma loja de construção e decoração, mas é em seu tempo de folga que a criatividade vem à tona. Seu interesse por arte surgiu quando ainda era muito novo: “eu tenho lembranças minhas desenhando antes mesmo de aprender a escrever, sempre fui ilustrador.”
Julio se considera um retratista, gosta de desenhar bustos e figuras humanas e domina diferentes estilos de arte, como a digital, o desenho tradicional e o graffiti, ele diz andar sempre com um sketchbook na mochila, esboçando ideias sem deixar nada passar. Seus conhecimentos são de seus estudos por conta própria e da troca de informações com outros artistas.
Quando questionado sobre suas inspirações, JOTAC disse que elas vêm principalmente das coisas à sua volta: “das pessoas que conheço, dos lugares que frequento… Meu estilo de vida me inspira bastante, desde a roda de capoeira, um rolê de skate ou um baile funk. Eu absorvo tudo, até as coisas ruins podem ser inspirações.” Ele completou contando um pouco mais sobre suas outras referências culturais, como a literatura de cordel, a arte indígena e religiões de matriz africana.
Conversamos ainda sobre a importância de trazer elementos da favela e de suas origens em suas obras e ele comentou como retratar isso é importante para sua autoaceitação, pois passou toda sua vida vendo a cultura periférica ser marginalizada e sendo vista por muitos como algo errado, portanto hoje gosta de mostrar com orgulho sua cultura: "hoje eu tô procurando uma identidade para passar nas minhas composições, sei que o caminho é esse. Minha origem e cultura."
Para finalizar, JOTAC deu sua opinião sobre a vivência de um artista periférico e como isso reflete nas obras:
"Vou dar o exemplo do Graffiti que é o que tenho mais contato. É um elemento do Hip Hop, algo que faz parte da cultura negra e é uma forma de protestar, de incomodar mesmo, sabe? É importante um artista periférico ser a pessoa que tá representando essa cultura que é nossa, é a forma da gente se comunicar com a rua e mostrar o que vivemos."
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
Saiba mais
Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!