Postado por beatriz nagai
26/08/2020

A POTÊNCIA DE UM ARTISTA VISUAL NA FAVELA

Jotac mostra como é a vida de um artista na favela da Vila Prudente
Nascido e criado na Favela da Vila Prudente, o ilustrador, grafiteiro e designer Julio Cesar, mais conhecido como JOTAC, hoje tem 21 anos. Filho de mãe cearense e pai paulista, o artista tem fortes referências nordestinas em sua família por parte de seus avós. Para ele, é importante deixar em evidência sua origem, pois tem influência direta em sua vida.

No dia a dia, JOTAC trabalha com atendimento em uma loja de construção e decoração, mas é em seu tempo de folga que a criatividade vem à tona. Seu interesse por arte surgiu quando ainda era muito novo: “eu tenho lembranças minhas desenhando antes mesmo de aprender a escrever, sempre fui ilustrador.”
Julio se considera um retratista, gosta de desenhar bustos e figuras humanas e domina diferentes estilos de arte, como a digital, o desenho tradicional e o graffiti, ele diz andar sempre com um sketchbook na mochila, esboçando ideias sem deixar nada passar. Seus conhecimentos são de seus estudos por conta própria e da troca de informações com outros artistas.

Quando questionado sobre suas inspirações, JOTAC disse que elas vêm principalmente das coisas à sua volta: “das pessoas que conheço, dos lugares que frequento… Meu estilo de vida me inspira bastante, desde a roda de capoeira, um rolê de skate ou um baile funk. Eu absorvo tudo, até as coisas ruins podem ser inspirações.” Ele completou contando um pouco mais sobre suas outras referências culturais, como a literatura de cordel, a arte indígena e religiões de matriz africana.
Conversamos ainda sobre a importância de trazer elementos da favela e de suas origens em suas obras e ele comentou como retratar isso é importante para sua autoaceitação, pois passou toda sua vida vendo a cultura periférica ser marginalizada e sendo vista por muitos como algo errado, portanto hoje gosta de mostrar com orgulho sua cultura: "hoje eu tô procurando uma identidade para passar nas minhas composições, sei que o caminho é esse. Minha origem e cultura."

Para finalizar, JOTAC deu sua opinião sobre a vivência de um artista periférico e como isso reflete nas obras:

"Vou dar o exemplo do Graffiti que é o que tenho mais contato. É um elemento do Hip Hop, algo que faz parte da cultura negra e é uma forma de protestar, de incomodar mesmo, sabe? É importante um artista periférico ser a pessoa que tá representando essa cultura que é nossa, é a forma da gente se comunicar com a rua e mostrar o que vivemos."

Ilustrador Jotac
Ilustração criada pra arte de divulgação de um MC
Compartilhe nosso conteúdo!
notícias relacionadas
    Conheça a história da Kayrone, aluna da oficina de Jiu Jitsu que ganhou bolsa para estudar em uma academia renomada
    Conheça a história dos irmãos Kelvin e Kelveson que fazem da dança de rua parte de suas vidas
    Luiz, aluno do curso de Gestão de Projetos, conta como foi a experiência de sair qualificado e empregado
    Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.