Campanha de conscientização mobiliza moradores de favelas contra o coronavírus
Cartazes são espalhados por comércios de diversos bairros da periferia para prevenir a infecção e disseminação do vírus Covid19
Controlar o contágio da população pelo novo coronavírus é um desafio que está mobilizando os esforços dos governos federal, estadual e municipal, além da mídia, instituições religiosas e personalidades. Porém, pouco é disseminado sobre a questão da contaminação do Covid19 nas periferias. A mobilização feita até então ainda não inclui os espaços periféricos e deixa boa parte da população favelada desacreditada ou desconhecendo os perigos que o novo coronavírus pode trazer para nossa população.
Por isso, coletivos de comunicação, ativistas, líderes sociais e comunicadores estão se mobilizando pra levar informações verídicas aos moradores das comunidades. Através das redes sociais, canais de comunicação, aplicativos de mensagem e na atuação de campo, informam a população sobre os cuidados para evitar a infecção e proliferação do Novo Coronavírus.
Entre as frentes da ação, estão a confecção de memes, imagens de divulgação pela internet através das redes sociais de métodos de isolamento e prevenção do vírus e a colagem de cartazes em comércios e ruas das favelas, com recomendações dos órgãos de saúde para controle da circulação em lojas, mercados, padarias e pequenas vendas, evitando a contaminação.
Com grande parte da população ainda descrente ou nas adotando medidas de prevenção ao Novo Coronavírus, a comunicação comunitária serve como ferramentas de enfrentamento a disseminação da doença. A favela, sempre excluída de oportunidades e serviços essenciais à vida, mais uma vez não é representada nas ações e campanhas de conscientização dos veículos de comunicação de massa.
O isolamento social, difundido com veemência por artistas e famosos, ainda é obstáculos nas comunidades formadas pela classe trabalhadora que não tem o poder de opção da quarentena. Enfrenta todos os dias a rotina do trabalho e os riscos da proliferação do vírus em sua comunidade e casa. Para atenuar esse quadro, a sensibilização de métodos de prevenção pode evitar uma tragédia, que seria a chegada do vírus as periferias.
Com cartazes, a população recebe informações de como deve acontecer o distanciamento social, as orientações de prevenção em espaços públicos e a condutas após a saída do isolamento. Por sua vez, os comerciantes locais, que não podem recorrer ao isolamento e necessitam de seus negócios para sobrevivência, também recebem orientações de como manter o atendimento à clientes sem se expor e expô-los ao contágio.
Aos poucos a mudança nas rotinas passa a ser perceptível. Em alguns comércios já existe o controle de clientes, o distanciamento social, em aproximadamente 1 metro de distancia, além da mudança no atendimento, a troca da venda presencial pela por aplicativos ou entrega domiciliar.
Estas e outras ações são importantes para contenção da disseminação do novo coronavírus nas favelas e comunidades de periferia. Moradores precisam se conscientizar e comunicadores informar seus pares da importância de prevenção como forma de segurança da vida do povo de nossas favelas.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
Saiba mais
Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!