#Covid19NasFavelas: Relatos de um profissional de saúde revela retrato de um hospital de periferia
Em depoimento, enfermeiro descreve situação de hospital em meio a pandemia de Corona vírus
Enfrentamos uma onda de notícias que nos descrevem, por um lado, hospitais superlotados, com leitos quase totalmente ocupados por pacientes de diversas enfermidades, e agora, pelo novo coronavírus. Por outro lado, relatos de hospitais vazios, com um quadro diferente do que a mídia reporta em seus jornais.
Com isso, a população vive a incerteza de qual a realidade de postos de saúde e hospitais neste momento de pandemia. Sabemos que normalmente os equipamentos de saúde são locais lotados, com estrutura precária e com falta de profissionais para o atendimento, em especial nas regiões periféricas. Como então estariam hospitais periféricos no enfrentamento do Covid19? A equipe do Vozes no Jardim Sinhá ouviu o relato de um profissional de saúde, que iremos nos referir como A.L. – o mesmo solicitou a não divulgação de sua identidade -, trabalhador de um hospital que atende a população da região.
A.L. nos contou como é a rotina no ambiente hospitalar, a ocupação dos leitos, como acontece o atendimento de infectados pelo novo coronavírus. Em afastamento devido à suspeita de estar infectado pelo vírus, A.L. descreveu como um hospital da periferia da Zona Leste vem enfrentando a pandemia.
"Meu último plantão foi no dia 25, um sábado, pois estou com sintomas de Covid19 e estou afastado do trabalho. Lá, no hospital, não estava muito lotado, por que as pessoas com sintomas mais leves e controlados estão sendo encaminhadas para a Tenda do Anhembi." nos contou A.L. sobre os atendimentos de pacientes com sintomas e suspeita de infecção do novo corona vírus.
O profissional da saúde relata a dificuldade de realização de teste e a respostas aos exames. "Nem os hospitais estão tendo respostas dos exames. Os casos que foram controlados foram pra casa por que não eram tão graves a ponto de internação."
"O hospital segue fazendo o que é recomendado pela Secretaria de Saúde, atendendo o que pode e encaminhando para os hospitais maiores e com vagas. Lá não tem UTI, os pacientes graves estão ocupando a emergência, mas com outras enfermidades, que ainda possuem leitos vagos. Porém, a internação adulta está lotada e a observação geral também toda ocupada." reitera.
"Os casos mais graves são encaminhados para outros hospitais com UTI e referência em tratamento de Covid19, o hospital aqui não suporta." explica A.L., contando que os casos mais graves de Covid19 são encaminhados para outros hospitais da região central, pois, o equipamento da periferia não possui estrutura para atender pacientes com esta patologia.
Como este relato, outros profissionais da área da saúde e usuário descrevem uma realidade a muito tempo vivida pela população de periferia. Superlotação e falta de estrutura essencial para o tratamento de doenças sempre afetaram a população pobre e com o coronavírus não é diferente.
Os cuidados para prevenção e o isolamento social são necessários para evitar um colapso de hospitais nas periferias, que irão ocasionar em uma tragédia pré existente na vida da periferia.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
Saiba mais
Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!