Prometida para 2012, a linha 6-laranja do Metrô completou dez anos de seu anúncio na gestão José Serra (PSDB), em 2008, sem sair do papel e dos tapumes que cercam diversos terrenos entre o bairro da Liberdade e a Brasilândia, trecho de 15km que pode contar futuramente com 15 estações. Além disso, as obras que reduziriam o tempo de deslocamento da Zona Norte/Oeste ao Centro de São Paulo estão paralisadas há dois anos e sem prazo de retomada.
O agravante da situação das obras foi a presença de algumas das empresas envolvidas na PPP (Parceria Público Privada) que administraria o Metrô na Operação Lava Jato, como Odebrecht, UTC Engenharia e Queiroz Galvão, investigadas por suspeitas de corrupção. O consórcio Move São Paulo, responsável pela construção, ainda tentou angariar sócios das empresas chinesas China Railway Capital e China Railway First Group, que desistiram do negócio em fevereiro deste ano.
O impasse entre governo e construtoras envolvidas no negócio é grande. Segundo a gestão do atual governador Márcio França (PSB), a situação deve continuar inalterada nos próximos meses até o encerramento do contrato com os parceiros e que a demora se dá por processos abertos na Justiça ao longo das obras. O consórcio, no entanto, afirma que a lentidão é reflexo da omissão do governo em realizar desapropriações e indenizações aos donos dos terrenos demolidos.
Em cifras, a linha 6-laranja rendeu gastos de R$ 1,7 bilhão até agora, sendo 41% desse valor em recursos do governo estadual, além de R$ 984 milhões utilizados para indenizações em decorrência das desapropriações. Os custos por parte do consórcio também são milionários e envolvem o cercado dos terrenos selecionados e a manutenção dos shields (tatuzões) que fariam a perfuração dos túneis – as despesas podem aumentar por conta das multas contratuais aplicadas pelo governo, em valores que já superam a casa dos R$ 100 milhões. O valor total da obra é estimado em R$ 9,6 bi.
As graves consequências ambientais também são vistas por quem passa pelos terrenos destinados às obras. Na área que compreende a estação Brasilândia, o abandono atrai usuários e traficantes de drogas e favorece o descarte ilegal de lixo. O amontoado de dejetos transformou a paisagem da região e, além de invadir calçadas e ruas nos arredores, incentiva a procriação de pragas (ratos e baratas). Além disso, os tapumes podem ser facilmente abertos e sofrem com a degradação do tempo com sol, chuva e vandalismo.
O cercado compreende uma longa extensão da Estrada do Sabão e algumas ruas próximas, como Professor Viveiro Raposo, Padre José Materni, Domingos Francisco Lisboa e Engenheiro Dário Machado de Campos. A estimativa é de que a linha, quando concluída, atenda, em média, 633 mil passageiros por dia.