Mulheres são maioria da população em São Mateus e Sapopemba – Pesquisa Indicadores de Território
Os distritos de São Mateus e Sapopemba na zona leste de São Paulo possuem população aproximada de 600 mil pessoas, segundo dados do último senso demográfico do IBGE ocorrido em 2010. Deste índice, sabe-se agora, a maioria é formada por mulheres. É o que aponta a Pesquisa Indicadores de Território – São Mateus e Sapopemba, realizada pelo Centro de Capacitação Profissional Santa Úrsula, unidade do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, entidade filantrópica que atua na região leste e central do município de São Paulo. Durante os dias 26 e 30 de Agosto, educandos e educadores desenvolveram a pesquisa que buscou traçar indicadores socioeconômicos da região, como por exemplo o perfil étnico, renda e gênero da população.
Cerca de 100 domicílio participaram da pesquisa, que obteve alcance de aproximadamente 400 entrevistados em diversas comunidades de São Mateus e Sapopemba, identificando a realidade social dos bairros.
Segundo o levantamento, 52% da população destes distritos identificam-se pertencentes ao gênero feminino. Este índice segue a realidade populacional brasileira, estimada em 54% de público feminino, segundo o IBGE (2010). Tal dado trás a tona a perspectiva de que as mulheres – cis, trans ou de qualquer outra identidade de gênero – aumentaram sua participação em nossa sociedade e necessitam serem assistidas de forma igualitária.
Elas, por estarem inseridas nesta realidade periférica, tendem a sofrer em maior intensidade com a violência – do Estado, domiciliar e sociopaternal – a desigualdade de oportunidades, a exclusão social, o racismo e tantas outras feridas presentes em nosso cotidiano.
Porém, demonstra também um perfil social onde mulheres ocupam cada vez mais espaços, desconstruindo preconceitos e lutando por uma cultura que à insira como ator social, não objetificada pela cultura machista, mas liberta de rótulos, padrões e julgamentos.
A periferia deve ser berço da luta por uma sociedade que enxergue as mulheres como protagonistas, cidadãs de direitos e pautadoras de suas próprias escolhas. Defender políticas públicas de acesso à educação, saúde e emprego. Combater o machismo estrutural que condena milhares de mulheres à violência parental.
É papel de todo cidadão periférico, reconhecer estas necessidades, que as mulheres ocupam espaço importante em nossas periferias e serem protagonistas de nossas lutas diárias.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!