O artista Eduardo, popularmente conhecido como "Punk", é o idealizador de um projeto que oferece oficinas de grafite à jovens e adultos no bairro do Sapopemba, Zona Leste de São Paulo. Mais precisamente no Jardim Grimaldi, está localizada a biblioteca Gilberto Freyre, espaço que Punk ocupa junto à um grupo de 12 pessoas que estão descobrindo a arte do grafite, criando intervenções no espaço interno da unidade e dando vida à um espaço defasado da presença do público da região.
Realizadas aos sábados pela manhã, as oficinas consistem em aulas de desenho e pintura em diversos tipos de estruturas e materiais, como papel sulfite, madeira e cimento. O projeto que é apoiado pela Secretaria da Cultura municipal, cede o espaço e arca com a remuneração dos oficineiros, porém, todo o material utilizado é doado ou custeado pelo próprio Eduardo.
Além de proporcionar o acesso à arte e cultura, dentro de um território com escassez de oportunidades dentro destes segmentos, as oficinas oferecem a oportunidade dos alunos se expressarem livremente através de seus grafites, superarem tabus sociais e até conflitos pessoais.
Para a aluna Simone de Moraes, que sempre teve paixão por desenho, a oficina criou uma chance única de se descobrir profissionalmente. "Aqui é o lugar onde eu me encontro, me sinto à vontade para fazer o que eu gosto", completa Simone.
Já a pedagoga Daniela de Moraes, enxerga a iniciativa como um espaço de inclusão das mulheres em um segmento de maioria masculina. "Fico me imaginando fazendo um desenho na rua e as meninas se inspirando, percebendo que elas também podem grafitar", idealiza Daniela, que já realiza intervenções urbanas com técnicas de estêncil e agora no grafite, buscas novas formas de expressão.
Formado em jornalismo e redator publicitário, Leandro Medeiros, o Lemede, participa da oficina para expandir suas competências profissionais. "Eu vim do digital, nunca tinha feito nada parecido. Não conhecia técnicas e formas de pintura, agora faço coisas que só conseguia no computador", nos diz Leandro.
Wesley de Oliveira, que acompanha o trabalho de Eduardo desde 2015 quando o artista aplicava oficinas de grafite na região da Cidade Tiradentes, relata como a arte o ajudou a superar um quadro de depressão.