Postado por cesar gouveia
24/08/2020

Favelas como realmente são, potências

Há muitos anos uma legião de pessoas, organizadores e líderes sociais invocam o tema das potências faveladas, que em 2020 mantém o Brasil de pé
Em 2013, ano em que criei o Vozes das Periferias, eu não imaginava e nem sabia ao certo o quanto as favelas da Vila Prudente mostrariam ao longo dos anos que inteligência e tecnologia são itens consolidados aqui. Fui percebendo isso durante a caminhada, nas trocas e em tantas oportunidades que o Vozes me levou. Tanto que encarnei o “favela é potência” por ver e viver isso todos os dias dos últimos anos.

Em 2020 em meio a pandemia que estamos vivendo muito se esperou das esferas governamentais e pro tamanho de seu poder pouquíssimo foi visto. Neste mesmo período, no contraste, líderes sociais de favelas mostraram tamanha potência e organização que conciliaram a ajuda necessária para milhões de famílias em todas as partes do país ao giro de capital no país. Literalmente sustentaram e fizeram a máquina econômica do Brasil girar para não parar com o atraso do funcionalismo público.

Entre os talentos, neste time jogaram empreendedores sociais como Rene Silva e Raull Santiago, ambos do Complexo do Alemão, criando e apontando a direção da ajuda humanitária por lá no Gabinete de Crise do Alemão. Carlos Jorge, em Maceió, que caminhou dezenas de quilômetros antes de qualquer ato governamental em Vergel e levou milhares de reais com apoio da Rede Gerando Falcões para a mesa de famílias em extrema vulnerabilidade. E a figura que abriu as portas, ensinou e ensina líderes sociais, Celso Athayde, da CUFA, que já beneficiou mais de 1 milhão de famílias em diferentes regiões de todo o país.

Estes são alguns dos líderes que não brigaram por x ou y, eles brigaram pelo que todos nós brasileiros deveríamos ter brigado: por renda, dignidade, saúde e alimentação para as pessoas que mais precisam neste país. Outros tantos também trabalham continuamente com as comunidades, na base, e neste período pandêmico não fugiram da luta ou tentaram construir foco em grupo político x, ou y, ou ainda em pautas não importantes neste momento.

Embora todos elas e eles espalhados pelo Brasilzão, dois itens estavam em todas as operações que estes líderes organizaram: capacidade logística e operacional e também transparência e gestão. O povo preto, pobre, favelado e periférico potente e mantendo o Brasil de pé mesmo em meio a tragédia mais avassaladora do planeta das últimas décadas.

Este é o Brasil de verdade, vindo da favela e das periferias as potências, tecnologias e organizações que inovam e salvam milhões de brasileiras e brasileiros. Por isso e muito mais: lembre-se de todas e todos quando a pandemia acabar, lembre-se dos que estão fazendo e ajudando famílias sem perguntar pra quem você votou na eleição anterior ou tentando te ensinar como fazer ou ser.

Cesar Gouveia é fundador e CEO do Vozes das Periferias e agência #TAMOJUNTO. Jornalista e empreendedor social que já impactou mais de 6 mil famílias com educação, cultura, esporte, qualificação profissional e alimentação. Cesar também é palestrante e já levou seu trabalho é potência a famílias brasileiras em Nova York.


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