Original dos Estados Unidos, funk chegou ao Brasil no final dos anos 70
Originalmente, criado nos Estados Unidos na década de 60, o Funk chega ao Brasil no final dos anos 70, quando os primeiros bailes funk aconteceram em áreas nobres da cidade do Rio de Janeiro e eram completamente diferentes do que conhecemos atualmente. Foi no final da década de 1980, que Fernando da Matta, conhecido como DJ Marlboro lança seu primeiro disco, intitulado “Funk Brasil”. A partir disso, a maioria das produções no país eram inteiramente nacionais.
Foi na periferia que o funk se ressignificou e é transformado no fenômeno cultural que é hoje, principalmente do eixo Rio - São Paulo. O gênero gera um sentimento de identificação nos jovens e pode possuir um caráter de denúncia social, além de romper com o conservadorismo de maneira incisiva em muitas de suas letras, com isso, o já marginalizado ritmo se torna também perseguido e criminalizado dentro das favelas.
É possível observar um movimento de apropriação cultural que tenta domesticar o ritmo, excluindo dele pautas que marcam e fazem parte do universo periférico. A chegada do funk aos grandes salões de festa em bairros nobres é outro fator que demonstra um projeto de elitização do funk. Uma movimentação oposta ao que ocorreu na década de 80, quando os bailes adentraram a periferia após terem se iniciado na zona sul do Rio de Janeiro.
Em 2020, após o início da pandemia do coronavírus, muito se falou sobre os bailes de favela que aconteceram nas periferias de São Paulo. As aglomerações clandestinas se tornaram pautas extensas para os mais sensacionalistas telejornais brasileiros, porém, o que mais chamou a atenção foi a indignação seletiva desses mesmos veículos, que informaram com maestria quando a clandestinidade aconteceu nas favelas, mas deixaram de reportar o mesmo ocorrido em bairros nobres.
Seja em qual bairro for, as aglomerações feitas durante a pandemia são passíveis de críticas, mas não podemos deixar de falar sobre a necessidade da criação de locais apropriados para que os bailes funk periféricos possam ocorrer com dignidade e sem incomodar as noites de sono dos moradores das regiões em questão. Afinal, é a maior manifestação cultural periférica em um país com mais de 6300 favelas, logo, por que não cobrar espaços apropriados para que esses jovens possam curtir suas festas de maneira legalizada e segura, como qualquer cidadão com direito ao lazer no Brasil?
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!