“Geração nem-nem”, você já ouviu falar? O termo é usado para designar jovens, de 15 a 29 anos, que estão fora do mercado de trabalho e de instituições educacionais. No Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), no último trimestre de 2020, a porcentagem de jovens que se enquadram nesse cenário era de 25,5%. Para muitos, essa posição é causada por falta de interesse e preguiça, mas a Tese Social de Impacto em Empregabilidade feita pela Artemisia mostra que a realidade é outra: falta oportunidade e apoio, principalmente para quem é de favelas e periferias.
A organização que apoia e fomenta negócios de impacto social usou como referência para a tese mais de 100 estudos sobre o tema e realizou mais de 20 entrevistas com players do setor com o objetivo de apresentar os principais desafios de empregabilidade que a população em situação de vulnerabilidade econômica.
Um dos pontos apresentados pelo levantamento foi a educação defasada nas escolas públicas. O ensino, que vai de mal a pior, dificulta a qualificação e permite que jovens cheguem ao ensino médio, ou até terminem essa fase, como analfabetos funcionais, ou seja, possuem limitação para ler, interpretar textos e executar operações básicas de matemática. No Brasil, em 2018, 29% da população entre 15 e 64 anos se enquadravam nesse perfil. 52% dos empresários entrevistados pela organização também apontam que esse déficit é o maior obstáculo na hora da contratação.
Além disso, outra dificuldade encontrada é a geográfica, visto que existem 100x menos postos de trabalho para quem mora nas periferias. Para contextualizar, a organização usou um estudo feito pela USP em 2019 que mostra que um morador da região da Avenida Paulista tem, em um raio de distância que pode ser percorrido em 30 minutos de transporte público, mais de 1,3 milhão de postos de trabalho. Já quem mora na Cidade Tiradentes, por exemplo, tem acesso a pouco mais de 13 mil postos de trabalho levando em consideração as mesmas condições de tempo de transporte público e o mesmo raio de distância.
Por fim, a tese aponta que, dos jovens que estão sem trabalhar e sem estudar, 36,3% estão procurando trabalho, 44% estão cuidando de parentes e 79% estão dedicados a trabalhos domésticos, o que reforça o argumento que eles não estão necessariamente inativos.