A paixão pelo futebol e time de várzea no coração da favela
Por ser uma das maiores paixões nacionais, é muito comum que o futebol seja o primeiro esporte a termos contato e que ele nos acompanhe por muito tempo - se não por toda a vida e gerações.
Fundado em 1958, dentro da favela da Vila Prudente, o Grêmio Vila Prudente é um importante time da várzea. Sua tradição se une à história das pessoas que o integram, exemplo disso é William “Cafu”, que iniciou sua história no clube aos 15 anos e hoje, com 34, joga e é membro da diretoria.
A história do Grêmio é acompanhada de muito suor e amor, como contou o presidente do clube, Juninho, “No Papo de Várzea” da TVila: “o fardamento que a gente tinha, a gente usava pro primeiro e pro segundo quadro. Não tinha dois fardamentos na época. O meião era rasgado, o transporte... Eu mesmo já cheguei a ir no campo, pegar meu carro e ir duas, três vezes pra levar jogador (...) Isso é uma história que a gente construiu e que a gente tenta passar pro pessoal de hoje”. A diretoria do clube divide seu tempo entre vida pessoal, profissional e atividades do clube, incluindo venda de rifas e camisas do clube, por exemplo. Tal dedicação reflete em sua leal torcida, que contribui de diversas formas, como tocar na bateria durante os jogos, fornecer transporte e pendurar bandeiras.
A proximidade na relação do clube com suas torcidas Esquadrilha da Fumaça e Gremáticas fica bastante evidente nas redes socias, onde podemos ver diversas fotos de seus torcedores vestido vermelho e branco, cores do Grêmio. O espaço também é utilizado para contribuir na divulgação de artistas periféricos. Mas o apoio à comunidade vai muito além do ambiente virtual: Cafu nos conta que o time procura ajudar projetos sociais locais, como por exemplo, permitindo o uso de sua sede para distribuição de cestas básicas, e contribuindo com doações a instituições de bairros próximos.
Sobre os momentos complicados passados pelo time, Juninho relatou ao TVila: “Foi uma epoca muito dificil, a gente era desacreditado, mas com força de vontade e perseverança a gente conseguiu chegar [onde estamos hoje]”, e nos indica que a tradição do clube deve ecoar nas próximas gerações: “a nossa missão é dar continuidade a isso: o filho do Cafu jogar, filho do Banha (diretor do Grêmio) jogar”.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!