O Brasil, país de tantas riquezas, é também o país da fome. Desde 2018, segundo uma pesquisa divulgada pelo IBGE recentemente, voltamos a fazer parte da lista de países que possuem mais de 5% de sua população vivendo em pobreza extrema. Em 2020, essa situação agravou-se ainda mais e fechamos o ano com mais de 19 milhões de brasileiros passando fome e, incluindo insegurança alimentar leve ou moderada , ou seja, pessoas que tiveram acesso limitado à comida sem a certeza de suas próximas refeições, o número sobe para mais de 116,8 milhões, mais da metade da população.
Os dados, que foram levantados pelo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mostram ainda quem são os mais afetados pela fome: domicílios chefiados por mulheres, pessoas pretas ou pardas e com baixa escolaridade. Em números, isso quer dizer que 11,1% das casas lideradas por uma figura feminina, 10,7% de residências habitadas por pretos ou pardos e 14,7% dos lares em que o líder da família não tinha escolaridade ou não havia terminado o ensino fundamental, passaram fome em 2020.
Para comparar esses números, a insegurança alimentar grave foi diagnosticada em 7,7% dos domicílios chefiados por homens; em 7,5% das casas com moradores brancos e em 4,7% das residências em que a figura principal tinha ensino médio completo ou outro nível maior de escolaridade.