Muito além de roupas, mulheres empreendem arte e cultura através da moda
Por meio de loja virtual, dupla inspira e resignifica o conceito de moda
Muito além de roupas e vestuário, duas mulheres periféricas criaram um empreendimento em que comunicam arte, cultura e inspiram outras mulheres à seguirem seu caminho de autonomia e liberdade. A Clarice é a marca de moda idealizada por Karina Martinez e Erika Nascimento, mulheres periféricas insatisfeitas com o mercado da moda e que construíram seu negócio em homenagem a escritora brasileira Clarice Lispector. Karina e Erika fundaram a Clarice em meados de 2019 com o intuito de proporcionar uma experiência diferente para o consumidor de moda, principalmente nas periferias. Para muito além de vender roupas, as criadoras da marca querem falar de cultura, arte, música, cinema e mostrar como tudo isso está presente na moda. Através das redes sociais e seu portal de vendas, a Clarice traz consigo um significado para cada peça e convida seus consumidores à conhecerem um universo à parte. Karina, mulher branca de 24 anos, é formada em Moda e Pós-Graduada em Gestão de Marcas e moradora do Jardim Dona Sinhá. Por sua vez, Erika, mulher negra de 40 anos é formada em Negócios da Moda e mora no Jardim Floresta, na região do Grajaú, zona sul. Apesar da divisão de cargos, ambas dividem a vontade de levar a moda ao conhecimento das pessoas em todos os espaços..
”Nosso objetivo inicial é criar a moda que acreditamos, com cuidado aos detalhes, com amor, com referências de um país rico em cultura que é o nosso, comunicando e inspirando pessoas através da moda, e mostrando que ela pode ir muito além das roupas. Com isso, e para fazer jus ao nome que carregamos, temos projetos relacionados ao incentivo à leitura através de doações de livros, principalmente em regiões periféricas onde o acesso é mais restrito”, diz Karina sobre os objetivos do negócio.
Ensaio fotográfico de lançamento da coleção da marca Clarice / Foto: Arquivo Pessoal
Além do próprio empreendimento e lucro com as vendas, a iniciativa busca inspirar outras pessoas que sonham em criar seu próprio empreendimento, principalmente mulheres de periferias. “Esperamos transmitir principalmente esperança, por sermos mulheres periféricas que conseguiram construir uma empresa com valores sólidos para além do consumo, entregando cultura e moda com propósito. Acreditamos que a educação é capaz de nos levar a qualquer posição e esperamos ser um pequeno exemplo de como é possível ascender em meio ao caos.”, explicam as sócias. Nem mesmo a pandemia impediu Karina e Erika de continuarem suas atividades, mas foram além, com postagens relacionando desafios que mulheres e homens passaram a enfrentar com o isolamento e quarentena impostos com a pandemia de Corona vírus. Mensagens de apoio emocional tomaram as redes da marca, que mostrou uma relação da Clarice maior do que assuntos da moda, mas com uma conexão com seus consumidores e reforçando o desejo de Karina e Erika em trazer um novo significado ao mundo da moda.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
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Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!