Postado por acsa tayane
30/10/2020

Na quebrada, muros viram intervenções artísticas

Artista plástico Curió transforma becos e vielas das favelas por meio do grafite
A passos lentos, o grafite vem sendo visto com outros olhos. Considerado por muitos como verdadeiras obras de arte, o grafite vem deixa registros únicos na sociedade.

A arte em si tem a missão de transformar vidas, tanto para quem cria, quanto para aqueles que a veem. Josué Marques, 38, mais conhecido como “Curió”, sempre foi um grande amante da arte e da cultura. Morador do Jardim Nakamura, na zonal sul de São Paulo, ele é atualmente um ícone das artes plásticas. Curió começou a trajetória artística em 2010 por influência de amigos e do projeto “Manifestintação Crew”, do qual ainda faz parte.
De lá pra cá muitas coisas aconteceram, Curió além de ser referência no grafite, também se destaca como empreendedor e dono da marca “Curió Artes”. Em entrevista ao Vozes das Periferias, o grafiteiro contou que a jornada percorrida sempre foi marcada pelo preconceito, principalmente por ter vindo do nordeste: “Eu escutei que o grafite não era coisa para nordestino”, relata. Apesar das palavras agressivas, o artista não desanimou e nem desistiu do sonho que possuía. “A arte é para todos, não interessa a cor, nem o credo e muito menos de onde você veio. Eu insisti e hoje cheguei até aqui”, comenta.

Além de enfrentar o preconceito por conta da origem nordestina, Curió teve que enfrentar os olhares revirados de quem desacreditava que a arte poderia lhe dar algum futuro. “Nunca desista dos seus sonhos, temos que quebrar aquele paradigma que dizem que ninguém consegue viver da arte. E que ela não dá dinheiro e nem futuro. A arte dá certo! Aliás, dá muito certo. Invista, acredite e conquiste seu lugar sem passar por cima de ninguém”, finaliza.

Foto: Curió
Arquivo pessoal
Libertação e arte
A arte na vida de muitos é um instrumento de expressão, mas além disso ela também se apresenta como símbolo de libertação. “O grafite na minha vida é tudo: é amor, é companheirismo, foi uma coisa muito boa que Deus colocou na minha vida e eu abraçei de coração. O grafite me libertou de muita coisa. Eu fui envolvido com álcool e drogas. Hoje em dia, eu estou liberto e me tornei uma pessoa melhor. Por causa do grafite eu pude enxergar novos horizontes”, relembra Curió.
Ilustrando realidades
A identidade profissional do grafiteiro é marcada pelo realismo. Em 2016, ele lançou o movimento #ValorizeOsArtistaDaQuebrada, que tem como intuito homenagear artistas das favelas que vivem no anonimato. “Somos todos merecedores e nada mais justo que dar visibilidade a estes artistas incríveis da favela que outrora eram desconhecidos”, comenta o grafiteiro.
Reconhecimento e visibilidade
Os murais de Curió fazem tanto sucesso que foram até parar nas telas da rede Globo. Seu trabalho já passou três vezes pelo programa “Encontro com Fátima Bernardes”, e duas vezes no programa “É de Casa”. Para ele, isso é apenas o começo de uma longa trajetória que será trilhada ao longo dos próximos anos. Josué Marques, além de mostrar sua arte no Brasil, tem a ambição de ultrapassar barreiras e fronteiras a fim expandir os trabalhos artísticos para outros países.
Compartilhe nosso conteúdo!
notícias relacionadas
    Conheça a história da Kayrone, aluna da oficina de Jiu Jitsu que ganhou bolsa para estudar em uma academia renomada
    Conheça a história dos irmãos Kelvin e Kelveson que fazem da dança de rua parte de suas vidas
    Luiz, aluno do curso de Gestão de Projetos, conta como foi a experiência de sair qualificado e empregado
    Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.