Artista plástico Curió transforma becos e vielas das favelas por meio do grafite
A passos lentos, o grafite vem sendo visto com outros olhos. Considerado por muitos como verdadeiras obras de arte, o grafite vem deixa registros únicos na sociedade.
A arte em si tem a missão de transformar vidas, tanto para quem cria, quanto para aqueles que a veem. Josué Marques, 38, mais conhecido como “Curió”, sempre foi um grande amante da arte e da cultura. Morador do Jardim Nakamura, na zonal sul de São Paulo, ele é atualmente um ícone das artes plásticas. Curió começou a trajetória artística em 2010 por influência de amigos e do projeto “Manifestintação Crew”, do qual ainda faz parte.
De lá pra cá muitas coisas aconteceram, Curió além de ser referência no grafite, também se destaca como empreendedor e dono da marca “Curió Artes”. Em entrevista ao Vozes das Periferias, o grafiteiro contou que a jornada percorrida sempre foi marcada pelo preconceito, principalmente por ter vindo do nordeste: “Eu escutei que o grafite não era coisa para nordestino”, relata. Apesar das palavras agressivas, o artista não desanimou e nem desistiu do sonho que possuía. “A arte é para todos, não interessa a cor, nem o credo e muito menos de onde você veio. Eu insisti e hoje cheguei até aqui”, comenta.
Além de enfrentar o preconceito por conta da origem nordestina, Curió teve que enfrentar os olhares revirados de quem desacreditava que a arte poderia lhe dar algum futuro. “Nunca desista dos seus sonhos, temos que quebrar aquele paradigma que dizem que ninguém consegue viver da arte. E que ela não dá dinheiro e nem futuro. A arte dá certo! Aliás, dá muito certo. Invista, acredite e conquiste seu lugar sem passar por cima de ninguém”, finaliza.
Foto: Curió
Arquivo pessoal
Libertação e arte
A arte na vida de muitos é um instrumento de expressão, mas além disso ela também se apresenta como símbolo de libertação. “O grafite na minha vida é tudo: é amor, é companheirismo, foi uma coisa muito boa que Deus colocou na minha vida e eu abraçei de coração. O grafite me libertou de muita coisa. Eu fui envolvido com álcool e drogas. Hoje em dia, eu estou liberto e me tornei uma pessoa melhor. Por causa do grafite eu pude enxergar novos horizontes”, relembra Curió.
Ilustrando realidades
A identidade profissional do grafiteiro é marcada pelo realismo. Em 2016, ele lançou o movimento #ValorizeOsArtistaDaQuebrada, que tem como intuito homenagear artistas das favelas que vivem no anonimato. “Somos todos merecedores e nada mais justo que dar visibilidade a estes artistas incríveis da favela que outrora eram desconhecidos”, comenta o grafiteiro.
Reconhecimento e visibilidade
Os murais de Curió fazem tanto sucesso que foram até parar nas telas da rede Globo. Seu trabalho já passou três vezes pelo programa “Encontro com Fátima Bernardes”, e duas vezes no programa “É de Casa”. Para ele, isso é apenas o começo de uma longa trajetória que será trilhada ao longo dos próximos anos. Josué Marques, além de mostrar sua arte no Brasil, tem a ambição de ultrapassar barreiras e fronteiras a fim expandir os trabalhos artísticos para outros países.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
Saiba mais
Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!