Postado por vanessa barreto
31/08/2020

“O Graffiti me apresentou o Hip hop”, pelo Produtor Artístico Guilherme Folks

Artista de BH utiliza a cultura de favela como ferramenta e se inspira nas ruas
“O graffiti me apresentou o hip hop”, diz o mineiro de Belo Horizonte, Guilherme Goulart (24), mais conhecido como “Folks”, que sempre foi muito observador e aos 14 anos começou a se expressar através da sua arte nos muros.

“Conheci o graffiti através das referências e artes nos muros da cidade onde eu moro, em Belo Horizonte. A minha inspiração veio toda da rua, aquela parada de você poder se expressar através da sua arte ou assinatura com a tinta direto nos muros. Com o tempo aquilo foi me encantando! Ver diversas assinaturas de milhões de artistas pela cidade inteira sem nem imaginar o rosto do responsável, e depois conhecer o dono da arte, acabou que aquilo me encantou muito.”.

Desde a adolescência Folks sempre esteve ligado à cultura Hip hop, pois além do graffiti, também tinha envolvimento com o Rap e tudo começou na mesma época, diz: “Conheci a cultura Hip hop muito cedo, desde menor frequentava o Duelo de Mc’s no Viaduto Sta Tereza em BH e também fazia graffiti. Foi um processo de aprendizado que durou vários anos e quando eu era mais novo não tinha a visão de que tudo isso faz parte de uma cultura, só comecei a entender conforme fui ficando mais velho.”.
"As crianças do morro geralmente tem uma visão sobre a realidade das favelas, que é tráfico, as drogas... e quando vejo elas se interessando pelo grafite é muito legal"
Em sua trajetória dentro do graffiti construiu diversas amizades e chegou a participar de um coletivo de grafite chamado CED CREW, composto por vários artistas grafiteiros da sua cidade. Além disso, já participou de diversos projetos culturais envolvendo o hip hop, e um dos mais marcantes foi um evento em parceria com o Centro de Educação e Cultura Flor do Cascalho, onde vários grafiteiros da cidade se reuniram para fazer uma arte em todos os muros de uma rua bastante movimentada na favela Morro Das Pedras em BH.

Guilherme Folks também conta da participação dos jovens e crianças nos grafites: “A maioria das vezes que estou grafitando aparece algum jovem ou criança perguntando sobre e se demonstrando interesse pela arte, isso é dahora demais e extremamente gratificante! As crianças do morro geralmente tem uma visão sobre a realidade das favelas, que é tráfico, as drogas... e quando vejo elas se interessando pelo grafite é muito legal. É muito daora saber que, de certa forma, a gente é uma referência positiva para eles, um espelho para o menor. O moleque quer saber como que faz e pode ser um rumo, pode ser que ele tome gosto igual nós (grafiteiros) tomamos lá atrás.”.

Guilherme Folks
Artista de BH utiliza a cultura de favela como ferramenta
Conforme o tempo foi passando Guilherme foi se aprofundando mais nos estudos sobre o Hip hop e graffiti, e através das artes nos muros resolveu cursar Design Gráfico na faculdade, conta: “Conheci o Design Gráfico através do graffiti e quando entrei na faculdade foi totalmente ligado à isso. Sempre gostei de desenhar, tinha uma aptidão por inventar coisas e depois que entrei na faculdade aprendi a explorar a criação e planejar os desenhos da melhor maneira, e consequentemente também fui evoluindo no graffiti.”.

Todo o conhecimento que foi adquirindo na faculdade fez com que ele fosse explorando cada vez mais tudo aquilo que já fazia, mas de uma maneira profissional, trazendo muito mais sentido e aptidão, deixando tudo mais técnico. Com isso, Folks começou atuar como Designer Gráfico e uma das suas principais atividades foi com toda a parte criativa de um grupo de RAP mineiro.

Atualmente, Folks segue como Produtor Artístico do grupo mineiro de Rap MALTA220 e cuida de toda a parte burocrática e contratação dos artistas, completa: “O graffiti pra mim, além de ser várias tribos que se unem para se expressar através dos muros, também foi como uma porta de entrada para o Hip hop. Durante muito tempo da minha adolescência pensei em seguir profissionalmente com a arte dos muros, mas conforme os anos foram passando a vida me levou para outros rumos, me estabelecendo outras metas e acabei me aventurando por outras áreas dentro da cultura, despertando em mim o desejo de seguir como profissional na área de produção artística. Tudo o que sou hoje devo ao graffiti e atualmente é o meu principal hobby. É o meu momento de lazer, o meu ponto de paz e calmaria, principalmente para os momentos difíceis, é como uma válvula de escape.”, finaliza passando a visão para os jovens de periferia que se interessam pela arte nos muros: “Mete a cara, vai e faz mesmo! Não tenha medo de expressar a sua arte. Muitas pessoas não vão entender, até por que o grafite ainda é visto como algo criminalizado, mas não tenha medo disso, mete a cara e se descubra! Estude, corra atrás de informações e referências. Descubra tudo aquilo que você gosta e o que você sabe fazer, não tenha medo em conhecer tudo o que a cultura hip hop tem para oferecer, trace os seus objetivos e queira fazer acontecer.”.
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