Postado por Amanda Alves e Letícia Lima 07/10/2020
O veganismo é etilista, mas não é caro
No Brasil estima-se que cerca de 7,6 milhões de pessoas sejam veganas ou vegetarianas
Os gêmeos Leonardo e Eduardo Santos, 24, são criadores da página “Vegano Periférico” e colocam em pauta a principal questão do ativismo vegano “Por que amar uns e comer outros?”. Moradores do Parque Itajaí, periferia de Campinas, ambos trabalharam em uma rede famosa de fast food, o que os motivou a mudar radicalmente hábitos alimentares. A mudança ocorreu primeiro com Eduardo, em 2015.
“Eu comecei a me questionar sobre o porquê eu gostava tanto de cachorros e gatos, mas comia um pedaço de porco, animal esse que descobri ser igual ou até mais inteligente que os cães”, afirma Eduardo. Leonardo tornar-se vegano 2 anos após o irmão. “Eu me alimentava mal, era só arroz, feijão e um pedaço de animal”, comenta.
Sua rotina alimentar mudou completamente, Leonardo conta que estava com olhos fechados para a causa vegana, e isso o motivou a estudar sobre, pesquisar o máximo que podia para ter certeza de sua escolha. “Assisti um documentário, no dia seguinte assisti outro. No terceiro dia eu acordei e decidi que não comeria mais nada de origem animal”, completa.
No Brasil, não há dados exatos sobre o número de praticantes do veganismo. Estima-se que 4% da população brasileira, cerca de 7,6 milhões de pessoas, seja de vegetarianos ou veganos. Dados do Instituto Ipsos reforçam que 28% dos brasileiros têm procurado diminuir o consumo de carne.
A página “Vegano Periférico” surgiu em outubro de 2017, atualmente tem pouco mais de 280 mil seguidores. Totalmente direcionada a propagar o ativismo político vegano, busca quebrar principalmente o preconceito de que para aderir ao veganismo é preciso ter muito dinheiro. Eduardo destaca ser importante pensarmos onde queremos chegar com a causa e ressalta que, comer é um ato político e deveria ser acessível para todos.
A alimentação vegana e seus benefícios
Para dar início à dieta é preciso transformar pratos que você já conhece e gosta. Marcelo Augusto, 32, nutricionista e vegano, relata que é necessário ter o conhecimento de que o veganismo é uma postura política, que se pauta no fim da exploração animal, pois acredita-se que todos os seres são sencientes, ou seja, dotados da capacidade de sentir e merecem o mesmo direito à vida. Acrescentou também que temos a consciência de que o atual modelo político-econômico é responsável por grandes desequilíbrios, sejam ambientais ou sociais. Parte disso se dá pela exploração desmedida de recursos naturais, humanos e animais. “Creio que o veganismo é também um convite à reflexão sobre o nosso trato com o próximo, com a sociedade, com a natureza e é uma potente alternativa para mudar hábitos que hoje são responsáveis por grandes prejuízos sociais”, aponta.
Uma mudança alimentar drástica requer conselho médico, independente de qualquer dieta, pois toda e qualquer deve ser muito bem planejada. “Quando faltam nutrientes, é como se faltassem peças para uma máquina funcionar. Nós precisamos de todas as peças devidamente alinhadas, não adianta colocarmos menos ou mais peças”, finaliza Marcelo.
Mikaelly conta como foi a experiência de participar do curso de arquitetura e construir o próprio projeto de reforma do nosso escritório.
Saiba mais
Mikaelly, 16 anos
Mikaelly, 16 anos, é aluna de qualificação do Vozes das Periferias. Em 2019, se formou no curso de Arquitetura e foi convidada, junto com outros 3 colegas de classe, a criar o projeto de reforma do nosso escritório. O espaço passou por uma grande mudança e hoje conseguimos utilizar muito melhor nossas salas.A jovem também realizou outros cursos da área de tecnologia e comunicação, e seu crescimento está sendo muito maior do que o esperado."O Vozes é uma escada para as realizações do meu sonho. Lá eu aprendi que para você vencer tem que ter, acima de tudo, garra".Mika também é voluntária de operações gerais e nos auxilia em nossas atividades de esporte, cultura e qualificação profissional. Sem dúvidas, essa jovem sonhadora ainda vai conquistar o mundo.
Luiz Alberto, 20 anos
Luiz foi aluno do curso de Gestão de Projetos, em parceria com a Comparex, em 2018. A dedicação do jovem durante as aulas o fez estar entre os melhores, concorrendo por uma vaga de emprego na empresa apoiadora."Participar deste curso foi um divisor de águas em minha vida profissional e pessoal, porque lá eu e meus colegas aprendemos muito mais do que as práticas de gestão de projetos, nós aprendemos valores que levaremos para a vida como o #TamoJunto e o #VaiKida".Hoje, Luiz trabalha na SoftwareONE, antiga Comparex, onde cresce a cada dia junto com profissionais qualificados e trilha a sua carreira. Sem dúvidas, essa oportunidade mudou a vida do jovem e abriu diversas portas, transformando sua história e a de sua família.
Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11
Os irmãos Kelvin, 8 anos, e Kelveson, 11, são alunos da oficina de Dança de Rua do Vozes das Periferias e dão um show de talentos.Os b-boys fazem da arte a força para superar qualquer dificuldade e só abaixam a cabeça se for um passo da dança. Eles se dedicam a aprender e a serem melhores a cada dia, desde o hip hip até o passinho do funk. Os meninos ainda se apresentam em locais como a Av. Paulista e estações do metrô, mostrando que a favela é potência e cultura de rua pode chegar onde quiser.
Kayrone, 15 anos
Kayrone, 15 anos, é aluna da oficina de Jiu Jitsu do Vozes das Periferias e voluntária do projeto auxiliando os mais novos durante a aula. Desde o início se mostrou muito interessada e pró-ativa, querendo aprender sempre mais. A princípio seu objetivo era usar o esporte como uma forma de autodefesa, já que os casos de violência contra mulher estão cada vez maiores. Mas com o tempo foi se encantando e trazendo o Jiu Jitsu para vida."O que eu mais gosto no jiu é que independente da sua faixa ou tempo de treino todos se ajudam e crescem juntos".Hoje, Kayrone treina na Academia Nova União SP Mooca, onde ganhou uma bolsa graças a ponta feita pelo atleta e professor Erick Silva.Sua força e garra representa a classe feminina das favelas. Voe alto!