Postado por beatriz nagai
23/08/2020

QUEBRADINHA: UM REGISTRO EM MINIATURA DA PERIFERIA

A Quebradinha, além de entretenimento, de algo pra ser bonito, é uma forma física de se resguardar e eternizar a estética visual periférica
Fotógrafo, produtor audiovisual, educador e artista. Esses são alguns dos atributos de Nenê, (26), que se denomina um “fazedor de coisas”. Morador do Campo Limpo, o jovem veio de Alagoas para São Paulo há cerca de 12 anos e hoje tem diversos projetos na cidade, o mais recente e que chamou a atenção do público nas redes sociais, foi a Quebradinha.
O que agora se chama Quebradinha, são coisas que sempre gostei de fazer, pegar lata de óleo e fazer carrinho pra brincar ainda lá no Nordeste, essas coisas pequenas, manuais, isso sempre foi o meu passatempo.

Feita de materiais reciclados, como palitos de sorvete, tampinhas e papelão, a Quebradinha é um universo em miniatura das periferias, uma forma de documentar a arquitetura e realidade local através das mini casas que Nenê constrói. Por circular há anos pelas periferias, as imagens das favelas estão na memória do fotógrafo, que pega as referências do que viu e o que ficou em seu subconsciente e as transforma em suas miniaturas.
Nenê, que já tem 6 casas construídas, está com a próxima em andamento e ele nos contou sobre como consegue os materiais para as casinhas: “tô andando de bike e de repente vejo uma tampinha na rua que me chama a atenção e já imagino ela no projeto, aí eu paro e pego. Eu não vou em busca dos materiais, eles que me acham, na realidade minhas mãos são só intermediárias, a Quebradinha é muito maior que eu, apesar de ser tudo pequenininho rs.

O artista também nos falou sobre os objetivos da Quebradinha, que nunca teve como pretensão ser algo comercial, é uma coisa que Nenê gosta e faz por prazer. Hoje, com seu público crescendo cada vez mais, ele vem recebendo propostas de encomendas de suas miniaturas, mas diz que a ideia ainda é manter o projeto para si e não tornar isso uma fonte de renda, para que a Quebradinha não seja somente trabalho e se preserve como forma de demonstrar sua arte. Quando questionado sobre exposições de suas miniaturas, Nenê já se animou mais. “Eu só tô esperando o final da pandemia, quero que aconteça num sábado de sol aqui na zona sul, com muita comida pra receber as pessoas e trocar uma ideia, conhecer todo mundo, tô aguardando ansioso”, afirma o produtor audiovisual.

Quebradinha
Artista transforma o que viu durante a vida na quebrada em miniaturas

Foto: Léu Britto
Durante a conversa, Nenê diz que observa como a periferia se transforma de maneira muito rápida: "se você vai na quebrada hoje e volta em 10 anos, tá tudo diferente. As pessoas cresceram, se mudaram, o visual do lugar é outro, isso em um espaço de tempo de uma década, que historicamente falando é muito pouco". A Quebradinha acaba tendo como intuito ser um registro estético do que existe hoje ali.

Para finalizar, perguntamos se ele tem alguma dica para os alunos do eixo cultural do Vozes, para colocarem suas ideias artísticas em prática:
O que funciona pra mim é não me preocupar em tentar ser o melhor ou o mais popular, o importante é ser verdadeiro comigo mesmo e com minha arte. Não existe uma fórmula de sucesso, mas esse é o ponto principal pra uma ideia sair do papel e tudo começar a andar."

Conheça mais sobre os projetos do Nenê no Instagram:
Miniaturas da quebrada: @quebradinha_
Fotografia aérea: @menino_do_drone
Produção audiovisual: @fxo_midia
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